Île Flottante (Ilha Flutuante) |
O desafio começou com o pedido do Coq Au Vin pelo maridão... E foi evoluindo para um jantar francês, com canapés charmosos para acompanhar um champagne geladinho como entrada, o Coq Au Vin com purê de batatas como prato principal e, obviamente uma sobremesa francesa, à altura dos demais pratos!
Foi aí que a Renata, que trabalha comigo, comentou de sua sobremesa preferida quando morou em Paris (que inveja!! rs)... o Île Flottante ou, traduzindo, Ilha Flutuante... Uma massa de suspiro beeeem leve que fica boiando em uma calda de baunilha, coberta de caramelo! Achei a descrição o máximo! E ela, ainda por cima, me mandou o link da receita, preparada pelo Olivier Anquier!
Îlle Flottante do Olivier Anquier |
E lá fui eu... Enquanto o Coq Au Vin estava cozinhando no forno, fui preparar as "Ilhas". Minha ideia era deixar as 3 partes da receita prontas e só montar na hora de servir! Separei as claras e, na hora de ligar a batedeira, a força acabou!! Fiquei olhando para as claras, olhando para a batedeira "morta"... E pensei... Que M...!!!! Bater na "mão" seria praticamente uma insanidade (outra, além de escolher uma sobremesa inédita para um jantar com amigos...rs) e eu decidi adiantar os Canapés, que não dependiam de energia elétrica... Terminados os canapés, nada da luz voltar... Aí decidi antecipar o caramelo, afinal, na receita, o Anquier mandava preparar e "deixar esfriar"... Atingido o ponto de caramelo (com termômetro, a quase 150 graus de temperatura), reservei o caramelo e nada da força voltar... Eu já estava pensando em um Plano B para a sobremesa (comprar sorvete da padaria, uma banana flambada... sei lá...) e, enquanto xingava a Eletropaulo, a luz voltou!!! Ufa!!! Faltava uma hora para os convidados chegarem e a sobremesa ainda precisava ficar geladinha!! Que tensão!!!
Batidas as claras, tentei formar as "ilhas" com uma concha, conforme indicava a receita... Não deu certo... Apelei para as colheradas mesmo, embora deixassem as "ilhas" meio irregulares... mas, se pensarmos que as ilhas na natureza são totalmente irregulares, formadas de lava de fulcão, eu não estava cometendo nenhuma heresia... rs
As "ilhas" foram cozidas no leite e reservadas na geladeira. Seguiu-se o preparo do Creme de Baunilha, feito com o próprio leite utilizado para cozinhar os pedaços de suspiro (coado, obviamente) e com as gemas (que eu, inadivertidamente esqueci de peneirar...), açúcar e essência de baunilha, tudo isso em banho maria. Fiquei com medo de talhar o creme por cozinhar demais mas depois fiquei insegura por achar o creme "líquido" demais... No desespero, tentei ligar para a Renata que não podia atender (estava no cinema!!!) para saber se o creme era assim mesmo...
E o tempo passando... rs... Fui olhar o caramelo e... pasmem... tinha virado pedra!! Obviamente, quando o Oliver Anquier dizia "deixe esfriar" era só um pouquinho, para conseguir atingir a textura desejada... Reaqueci o caramelo em banho maria e consegui fazer umas "esculturas" muito loucas puxando pedaços do caramelo e transformando-os em fios!
Na hora de servir a sobremesa, fiz várias ressalvas para os convidados, para prepará-los para um completo desastre... Mas não é que a sobremesa flutuante fez sucesso?? Principalmente o caramelo, que dava uma crocância e grudava nos dentes!! rs... A massa de suspiro ficou muito leve e o creme de baunilha estava saboroso (com um pouco de gosto de ovo, pois esqueci de peneirar as gemas, uma falha mortal!) embora um pouco líquido demais...
E a correria foi tanta que não houve registro fotográfico nenhum!!! Só registrei a sobremesa pronta!
Île Flottante (Olivier Anquier)
- 5 ovos
- 3 xícaras de chá de açúcar
- 1 litro de leite
- 1 colher (café) de baunilha
- 1 colher (sobremesa) de vinagre
- 100 ml de água
Primeiro, aqueça o leite em fogo baixo em uma frigideira de borda alta. Depois, separe as claras e bata-as na batedeira em ponto de neve com uma pitada de sal, acrescentando aos poucos 1 xícara de açúcar. Pegue colheradas do suspiro e coloque no leite para cozinhar, um minuto de cada lado. Reserve as "ilhas" na geladeira. Coe o leite e reserve. Bata as gemas com a baunilha e o açúcar até clarear. Junte aos poucos o leite e cozinhe a mistura em banho-maria por 5 minutos. Retire a tigela do banho-maria e coloque em outra vasilha com água e gelo, mexendo até esfriar e deixe na geladeira. Prepare o caramelo: em uma panela, coloque 1 xícara de açúcar, o vinagre e a água. Leve ao fogo para ferver, sem mexer, até ficar dourado. Se endurecer muito depois que esfriar um pouco, volte a aquecer a panela em fogo baixo. Pegue pequenas porções do caramelo com as mãos (cuidado para não se queimar!!) e vá puxando até formar uma "escultura" de fios. Monte as ilhas colocando em uma taça transparente uma concha do creme, a clara cozida e a escultura de caramelo. Se quiser fazer como o Olivier, despeje delicadamente a calda de caramelo sobre a ilha... Eu não consegui fazer assim, mas pode ter sido falta de habilidade minha! rs
Apesar das dificuldades... receita inédita, falta de luz, caramelo duro feito pau, Renata no cinema... o resultado superou minhas expectativas (embora não tenha ficado muito parecido com a foto do Olivier...rs).
Mas fica o desafio agora de ir provar a verdeira Île Flottante em Paris!! Bón Appetit!!
Receita tradicional na minha família, preferida do meu pai. Em casa chamamos de Ovos Nevados. a diferença fica na cobertura. Trocamos o caramelo por pitadas de canela em pó.
ResponderExcluirhttp://fotos.sapo.pt/florcarvalho/pic/00035k7y
A exemplo de seu pai, ela também é uma das minhas receitas favoritas! Eu a procurava a cerca de 10 anos. Antes de minha mãe falecer eu lhe pedi essa receita, porém ela só a fazia “no olho”, em virtude disso, não sobe me explicar direito. Eu não sabia que se chamava “ovos nevados”, (acho que minha mãe acrescentava suco de laranja) e ficava muito bom! Por um momento, me senti o próprio Anton Ego ao degustar o Ratatulle (prato que deu o nome ao filme), revivendo assim, a sua infância. Muito Obrigado!
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